Dermatite atópica

Descubra os principais aspectos sobre a dermatite atópica em adultos

6/24/20253 min ler

A dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma condição inflamatória crônica da pele que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Embora frequentemente associada à infância, a dermatite atópica pode persistir ou até mesmo se manifestar pela primeira vez na vida adulta. E quando isso acontece, os impactos vão muito além da pele — comprometendo a autoestima, o bem-estar emocional e a qualidade de vida de quem convive com a doença.

Vamos explorar de forma detalhada tudo o que você precisa saber sobre a dermatite atópica em adultos: suas causas, sintomas, tratamentos, impactos emocionais e dicas práticas para viver melhor com a condição.

O Que É Dermatite Atópica?

Dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele que se caracteriza por:

  • Coceira intensa e persistente

  • Pele ressecada e sensível

  • Episódios recorrentes de lesões na pele, que podem incluir vermelhidão, descamação, fissuras e até secreção

Trata-se de uma condição imunomediada — ou seja, o sistema imunológico desempenha um papel central no seu desenvolvimento. Além disso, é considerada uma doença multifatorial, com influências genéticas, imunológicas e ambientais.

Embora seja comum em crianças (afetando cerca de 20% delas em algum momento), entre 2% a 10% dos adultos também sofrem com a dermatite atópica. Em muitos casos, a doença é uma continuação do quadro iniciado na infância, mas em outros, ela aparece pela primeira vez na vida adulta.

Dermatite Atópica em Adultos: É Diferente da Infância?

Sim, há diferenças importantes entre a dermatite atópica na infância e na vida adulta:

1. Distribuição das Lesões

  • Na infância: Acomete geralmente bochechas, braços e pernas.

  • Nos adultos: As lesões são mais comuns nas mãos, pescoço, rosto, região periocular (ao redor dos olhos) e áreas de dobra, como atrás dos joelhos e cotovelos.

2. Aspecto da Pele

  • A pele do adulto tende a ficar mais espessada e ressecada, com liquenificação (espessamento e endurecimento devido à coceira crônica).

  • Pode haver hiperpigmentação (manchas mais escuras) nas áreas afetadas.

3. Sintomas Sistêmicos e Associados

  • Em adultos, é mais comum o surgimento de outras doenças alérgicas associadas, como rinite, asma e conjuntivite alérgica.

  • Pode haver complicações emocionais, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono.

Causas e Fatores de Risco

A dermatite atópica não tem uma única causa definida. Em vez disso, ela resulta de uma combinação de fatores:

1. Genética

  • Indivíduos com histórico familiar de doenças atópicas (asma, rinite, dermatite) têm maior risco.

  • Alterações em genes como o filagrina (envolvido na barreira cutânea) são comuns.

2. Sistema Imunológico Desregulado

  • A resposta imunológica exagerada a estímulos aparentemente inofensivos (como poeira ou sabonetes) leva à inflamação crônica da pele.

3. Fatores Ambientais

  • Clima seco ou frio

  • Poluição

  • Contato com irritantes (sabões, perfumes, tecidos sintéticos)

4. Estresse

  • Altos níveis de estresse podem piorar a inflamação e desencadear crises.

5. Alterações da Barreira Cutânea

  • A pele do paciente com dermatite atópica apresenta menor produção de lipídios, facilitando a perda de água e a entrada de agentes irritantes.

Sintomas Mais Comuns

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

  • Coceira intensa, especialmente à noite

  • Pele seca, áspera e escamosa

  • Vermelhidão e inflamação

  • Fissuras, sangramentos e crostas

  • Áreas escurecidas (hiperpigmentação pós-inflamatória)

  • Espessamento da pele por coçar constantemente (liquenificação)

A coceira é, sem dúvida, o sintoma mais debilitante — não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Pode interferir no sono, na produtividade e nas relações sociais.

Diagnóstico

O diagnóstico da dermatite atópica em adultos é clínico, ou seja, baseado na avaliação do médico dermatologista por meio de:

  • Histórico médico completo

  • Exame físico da pele

  • Identificação de fatores desencadeantes e padrão dos sintomas

Exames laboratoriais geralmente não são necessários, mas podem ser usados em casos atípicos para descartar outras doenças, como:

  • Dermatite de contato

  • Psoríase

  • Micoses

  • Lúpus cutâneo

Em alguns casos, o teste de alergia (teste de contato ou IgE sérica) pode ser solicitado para investigar alergias associadas.

Tratamento da Dermatite Atópica em Adultos

Não existe cura definitiva para a dermatite atópica, mas há uma variedade de tratamentos que ajudam a controlar os sintomas e a reduzir a frequência das crises.

1. Hidratação da Pele (Emolientes)

  • Hidratar a pele é a base do tratamento.

  • Deve ser feita várias vezes ao dia, especialmente após o banho.

  • Cremes e loções devem ser sem fragrância e ricos em lipídios.

2. Medicamentos Tópicos

  • Corticoides tópicos: Reduzem inflamação e coceira. Devem ser usados com orientação médica para evitar efeitos colaterais.

  • Inibidores de calcineurina (ex: tacrolimo, pimecrolimo): Alternativas ao corticoide, especialmente para áreas sensíveis como rosto e pescoço.

3. Antihistamínicos

  • Aliviam a coceira, especialmente à noite.

  • Úteis em crises agudas

4. Tratamentos Sistêmicos

Em casos mais graves ou refratários:

  • Imunossupressores orais (como ciclosporina, metotrexato)

  • Corticosteroides sistêmicos (por curto prazo)

  • Biológicos: Medicamentos mais modernos, como o dupilumabe, são promissores e indicados para casos moderados a graves

5. Fototerapia

  • Exposição controlada à luz UVB ou UVA em clínicas dermatológicas.

  • Reduz a inflamação e melhora a barreira cutânea.